(Biografia-RobCarlos)



Biografia não autorizada
- © Lenise M. Resende -
.
Recebi, por e-mail, um arquivo com o livro sobre a vida de Roberto Carlos. Fiquei agradecida pela gentileza da lembrança, mas não tenho intenção de ler.

Mesmo não lendo revistas especializadas em vida de celebridades, é claro que já li muitas coisas sobre Roberto Carlos. De tanto ler e ouvir sobre ele, tenho guardada na memória uma minibiografia sua. E apesar de ser mini considero essa biografia de bom tamanho. Não tenho necessidade e nem curiosidade de saber mais sobre ele. Não me considero fã de Roberto Carlos, apesar de gostar de muitas de suas músicas. Não acompanho atentamente sua carreira, não compro seus CDs, e não vejo seus especiais de fim de ano na televisão. Aliás, não tenho costume de ver especiais de fim de ano e quase não vejo televisão.

Roberto Carlos tem sido muito criticado por ter ido à justiça para que sua biografia não autorizada não fosse mais vendida. Há quem diga que essa atitude tem tudo a ver com sua imagem. Eu diria que tem tudo a ver com sua personalidade. Só estranho ver tantas pessoas, principalmente jornalistas, colocando lenha nessa fogueira. Será porque o autor do livro é jornalista?

O livro me parece uma homenagem de fã ou fan, palavra de origem inglesa, abreviação de fanatic, fanático; o que se apaixona cegamente por uma opinião, partido ou ideia; aquele que tem grande dedicação ou amor a alguém ou algo. O fanatismo é um tipo de cegueira. E o autor, na sua dedicação de fã, deve ter esquecido detalhes importantes sobre o homenageado. Um deles, importantíssimo, é que Roberto Carlos não gosta muito de falar sobre sua vida pessoal. E se não gosta de falar porque imaginar que iria gostar de ler?

Apesar dele ter levado mais de dez anos escrevendo esse livro, não consigo ter simpatia por esse autor. Como presente ou homenagem, essa biografia tinha tudo para desagradar aquele que a inspirou. Não sendo autorizada então...

Não tenho a menor simpatia pelos paparazzi, bisbilhoteiros, fofoqueiros ou curiosos, sejam profissionais ou amadores que por prazer ou dinheiro fornecem ou compram informações sobre terceiros. Até mesmo escritores pecam pelo excesso e muitas biografias contam detalhes que nada acrescentam na compreensão da obra do biografado.

É muito comum, hoje em dia, as pessoas terem ideias brilhantes. Compram informações sobre um grupo de pessoas e vão telefonando para suas casas oferecendo cartões de crédito, empréstimos, contas em banco, assinaturas de revista, etc. Isso quando não enviam várias cartas, algumas revistas e até mesmo um cartão de crédito não solicitado.

Usar meu endereço ou meu telefone para me oferecer coisas que não solicitei e que não me interessam, considero um abuso imperdoável. Mas, em geral, nem preciso desligar o telefone. Além de alguns "hum, hum", só repito a frase "não quero" o número de vezes necessário para que a pessoa que ligou perca a paciência e desligue. Mesmo que eu tenha uma dúzia de razões para não querer o que estão me oferecendo, não me sinto na obrigação de falar que motivos são esses.

Sendo assim, além de considerar normal que Roberto Carlos tenha ido à justiça para que sua biografia não autorizada parasse de ser vendida, considero certíssima, por mais esquisita que pareça, sua decisão de não comentar o assunto. E quem não tem suas esquisitices que atire a primeira pedra!

*  *  *
Nota - Crônica jornalística (apresenta aspectos particulares de notícias ou fatos cotidianos)
*  *  *

Nenhum comentário: