(A inconstância do amor)


A inconstância do amor
- © Lenise M. Resende -

Quando um amor surge em nossa vida, nem sempre percebemos de imediato. Podemos ficar desconcertados, desconfiados ou estar descrentes. Nem sempre sabemos recebê-lo bem, nem sempre comemoramos. Podemos até dizer: - Puxa! Justamente agora?

Algumas vezes nos achamos mal fisicamente, emocionalmente ou sem tempo. E isso pode ser verdade ou uma desculpa para adiar o que nos dá medo. Nem sempre tratamos bem o amor que chega. Fazemos exigências, perguntas, testes, birras. Outras vezes sumimos, calamos, esquecemos ou fingimos esquecer o que devia ser lembrado. E maltratamos quem nos quer bem.

Quando um amor surge em nossa vida, podemos estar cansados de esperar por ele. Podemos até ficar decepcionados; porque a aproximação pode nos mostrar defeitos que não percebíamos ou não nos incomodavam. Podemos achá-lo apressado, impaciente, querendo pular etapas necessárias ao conhecimento. Podemos achá-lo desinteressado, acreditando que nos conhece tanto que não precisa mais prestar atenção.

Quando um amor chega, nem sempre fica. Nem sempre vem com malas e bagagens, traz apenas o necessário para uma breve permanência. Apenas nos acorda para a vida ou nos prepara para um novo amor.

Quando um amor se vai, o que resta para quem fica só? Será que somente a tristeza e a solidão?

Lágrimas, lembranças, sonhos desfeitos, tempo perdido, são palavras que logo surgem em nosso pensamento. Mas, se procurarmos bem, será que a esperança não está por perto nos observando? Esperando que as lágrimas cessem, para que possamos enxergá-la?

Se um amor nos fez melhorar em algo ou nos fez aprender uma lição, demos um passo à frente. Por que deixar que a tristeza nos faça retroceder? Se nos tornamos melhores, mais cautelosos, mais seletivos, certamente haverá um novo amor em nosso caminho.

Para quem caminhar, olhando para os lados, tentando encontrar o amor, o caminho será longo. Basta lembrar quando perdemos um objeto. Costumamos encontrá-lo quando desistimos da procura e relaxamos.

Quando um amor se vai, é porque quer ir. É melhor não ir atrás do passado. Nada de se contentar com pouco só pra não ficar só. Atenção, carinho, consideração, sexo e alegria, quanto mais se tem, melhor. Então, é ir em frente, ao encontro de um novo amor - do futuro. Quando um amor se vai, certamente outro vem.

 
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Nota - Prosa poética ou crônica lírica (em que o autor relata com nostalgia e sentimentalismo)
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Um comentário:

lenise-m-resende disse...

"Não devemos nos agarrar à permanência das coisas e das pessoas em nossa vida. Se algo ou alguém está sinalizando "vontade de partir", deixe-o ir. Quando estamos tranquilos, de coração aberto, este espaço que o outro deixou, não existirá. Ao contrário, será substituído por algo mais consistente e verdadeiro." (Silvana Giudice, terapeuta metafísica)