(O Dia da Criança)

 
O Dia da Criança
- © Lenise M. Resende -

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), a data universal para a comemoração do Dia da Criança é 20 de novembro, quando se comemora a assinatura da Declaração dos Direitos da Criança. A Declaração não é uma lei, mas um texto de referência que reconhece a todas as crianças e jovens o direito à afeição, amor e compreensão; alimentação adequada; cuidados médicos; educação e proteção contra todas as formas de exploração.

Mas o Brasil e alguns outros países adotaram outros dias para comemorar o Dia da Criança. No Brasil, a criação dessa comemoração foi sugerida por um deputado federal na década de 1920. E aprovada, por decreto do então presidente Arthur Bernardes, em novembro de 1924.

No entanto, a comemoração do Dia da Criança começou realmente em 1960. Nesse ano, a fábrica de brinquedos Estrela e a Johnson & Johnson fizeram uma promoção para lançar a Semana do Bebê Robusto, e aumentar suas vendas. A ideia deu certo e outros comerciantes passaram a participar. Desde aí, no Brasil, 12 de outubro é dia de criança ganhar presente.

Atualmente, o comércio parece ter-se dividido em períodos de grandes vendas: Voltas às aulas (fevereiro), Páscoa (abril), Dia das Mães (maio), Dia dos Namorados (junho), Dia dos Pais (agosto), Dia da Criança (outubro), Natal (dezembro). Como novas datas comemorativas vem sendo criadas constantemente, nem todos os consumidores conseguem dar um longo descanso à carteira.

A criação do Dia da Criança foi um golpe de mestre. Dar descanso ao consumidor poderia deixá-lo desacostumado de comprar. Assim, antes mesmo do mês de setembro terminar, os jornais começam a ficar cheios de encartes para o Dia da Criança.

O mais interessante, é que as mais modernas técnicas de venda ensinam: que estão ultrapassadas as vitrines de artigos infantis feitas para seduzir adultos; que a criança decide sua própria compra e tem seu poder de decisão respeitado; que um adulto acompanhado de crianças em uma loja é uma venda quase certa.

Recentemente, li a entrevista de uma gerente de loja comemorando o grande aumento de vendas de artigos eletrônicos para o Dia da Criança. Faz sentido, porque é visível que a época das lembranças e presentinhos já acabou há muito tempo. Atentos às propagandas sobre as possibilidades de crédito (empréstimo pessoal, cheque pré-datado, cheque especial, crediário e cartão de crédito) os jovens acabam pensando que comprar é só prazer e alegria. Sendo assim, pedem presentes cada vez mais caros.

O que dizer, então, aos nossos filhos? Essa pergunta, feita pela editora da revista Claudia à professora de filosofia Dulce Critelli obteve a seguinte resposta: "... cabe aos mais velhos mostrar que o mundo não é só festa e shopping. Os adolescentes estão sendo bombardeados pela sedução do consumo - o que inclui comprar ideias dos outros ..."

Houve um tempo em que as principais comemorações eram o próprio aniversário e o Natal. Hoje, os presentes tornaram-se mais importantes que as comemorações. E, para estimular a compra de mais presentes, foram criados novos motivos para se presentear.

Não creio que a solução seja parar de presentear mas, sim, escolher presentes de acordo com as nossas posses. E, mais uma vez, lembro as palavras da professora Dulce Critelli: "A família pode ser um agente de transformação, já que são os valores transmitidos no dia a dia que darão suporte à nova geração. A micropolítica se reflete na macro: é o cidadão quem faz a cidade."
 
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Nota - Crônica jornalística (apresenta aspectos particulares de notícias ou fatos cotidianos)
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2 comentários:

Bea disse...

Oi Lenise

É muito bom este teu blog. Sempre atualizando assuntos e curiosidades que muitas vezes nem sabemos. Mto obrigada e boa semana.
Bea

28 Setembro, 2009

Luciene Lima disse...

Eu gosto tanto de ler esses seus trabalhos de pesquisa, menina! Eles sao substanciais, com informaçoes valiosas! Foi assim com esse tambem... gostei, gostei, gostei! - Luciene Lima

04 outubro, 2005