Kamikaze, o vento divino
- © Lenise M. Resende -
Quando a vida parece morna, mas um frio no estômago diz que o tempo vai esquentar, viro kamikaze. Igual ao tufão que, em 1281, dispersou os navios mongóis, impedindo que invadissem o Japão. E teve seu nome adotado pelos soldados japoneses que realizaram operações suicidas contra a frota americana, em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial.
Sim, quando me zango, viro kamikaze. Se a situação está ruim, pior não pode ficar. E, se ficar, já estou me acostumando. Mas ruim mesmo é não tentar. E, nada como um tufão, para tirar tudo do lugar.
O medo de ouvir um não, que estava escondidinho, sai correndo em busca de um sim. A incerteza, que não sabia se devia ir pelo caminho da esquerda ou da direita, abre um atalho no centro. A sinceridade, que andava calada, encontra as palavras certas para dizer. Com o vento, muitos sonhos desaparecem para sempre, e outros sobrevivem mais fortes.
Nestes momentos, sinto que uma gueixa, a esperança, e um samurai, o otimismo, me observam e me apoiam. E, vencendo ou perdendo a batalha, orgulho-me por ter tentado. Assim, é com satisfação que retorno a minha condição de brisa.
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Nota - Prosa poética ou crônica lírica (em que o autor relata com nostalgia e
sentimentalismo)
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