- © Lenise M. Resende -
Cada vez que vejo, na internet, o anúncio de lançamento de livro de algum escritor, sinto uma pontada no coração. Em geral, não faço comentários, e jamais digo que comprarei o livro, mesmo que pretenda comprar. Prefiro comentar uma ação do que manifestar uma intenção.
O tempo passa, e ainda não esqueci o quanto fui incentivada a publicar meu primeiro livro. Se, aqueles que disseram que comprariam meu primeiro livro, tivessem comprado realmente, aí sim, teria sido um super incentivo. Mas isso não ocorreu.
Atualmente, quando publico um livro, não crio a expectativa de que alguém da família ou algum conhecido irá comprar. As pessoas próximas sempre esperam receber o livro de presente. E, algumas vezes, eu até dou o livro novo de presente... , mas nem sempre por gentileza.
É claro que dói, ouvir um conhecido contando sobre sua ida a Bienal, e mencionando os inúmeros livros que comprou, sem citar algum dos seus. Dói, mas dá para sobreviver a essa dor.
A vida não é feita só de momentos desagradáveis. No meu caso, a surpresa agradável costuma vir de pessoas desconhecidas. Pessoas que, muitas vezes, acompanham o meu trabalho há muito tempo e, um dia, resolvem me enviar uma mensagem. Outras vezes, são pessoas que acabam de me conhecer e, por gostar do que leram, decidem me escrever.
O que acho mais interessante nas surpresas agradáveis, é o momento em que elas acontecem. Pode ser numa época em que estou desanimada, com algum problema de saúde, ou me questionando se devo continuar escrevendo. Outra coisa que costuma ocorrer, é a pessoa usar palavras que parecem ser uma resposta as minhas dúvidas. Passado o primeiro susto, após ler a mensagem recebida, costumo brincar que meu anjo da guarda deu uma ajudinha.
Hoje em dia, me motiva mais mostrar meu trabalho para pessoas que ainda não conheço, ou conheço pouco. Ou seria melhor dizer, mostrar meu trabalho para pessoas que ainda não me conhecem, ou me conhecem pouco? Creio que essa seja a maior motivação para publicar em um blog - conquistar novos leitores. E essa afirmação não significa um desmerecimento dos antigos leitores, principalmente dos que ainda se mostram presentes. É tão bom quando as pessoas reagem ao que acabaram de ler, opinam, compram nossos livros...
A vida é feita de movimento e trocas. Eu escrevo para me comunicar com outras pessoas, isto é, escrevo para ser lida. Do contrário, estaria escrevendo um diário, que é uma coisa que nunca tive.
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Nota - Crônica literária (apresenta aspectos particulares de criação ou
crítica literária)
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