(A eleição e a fobia)

A eleição e a fobia

- © Lenise M. Resende -

Atualmente no Brasil, as eleições acontecem a cada dois anos, no primeiro domingo de outubro dos anos pares Em geral, para quem não está disputando algum cargo político, costuma ser um dia tranquilo.

Durante muitos anos, por votar em uma seção próxima de casa, e situada num local de fácil acesso, eu vivenciava o dia das eleições com tranquilidade. Agora, após um longo tratamento para depressão, estou começando a tratar também uma fobia social, que tem me feito passar muito mal nas últimas votações. E não é nenhum exagero da minha parte, apesar de votar em uma seção próxima de casa, não consigo ir até lá a pé.

Além da ansiedade e da sensação de pavor que crescem conforme a data se aproxima, no dia da votação, basta que eu chegue perto da minha seção eleitoral para que os sintomas físicos comecem.

Além da dificuldade de respirar, da tontura, da sudorese, e do rubor facial, a sensação de que vou desmaiar a qualquer momento, faz com que as pessoas logo tragam uma cadeira. Só que eu tenho pavor em sentar nessas cadeiras de plástico, que se tornaram populares nos locais públicos. Antes mesmo de sair de casa, aviso para a pessoa que for me acompanhar, para que procure uma cadeira de madeira, ou serei obrigada a me sentar num degrau, numa escada ou no chão mesmo.

Como o voto é facultativo para os maiores de setenta anos, cheguei a pensar que somente nesta época meu problema seria solucionado. Mas, felizmente, dois meses antes dessa votação, a sensação de pavor me fez telefonar para o meu psiquiatra pedindo ajuda urgente. Mesmo parecendo que não haveria tempo para que o medicamento e a psicoterapia me ajudassem, hoje estou comemorando a minha melhora.

Claro que ainda precisei ir de carro, já que preciso reaprender a sair a pé, mas a ansiedade e os sintomas físicos não chegaram a incomodar muito. Na verdade, por ficar tanto tempo confinada em casa por causa da fobia social, além de feliz, estou me sentindo mesmo é cansada.

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