(Ensaios1)


"MedrosaMente: Ensaio Sobre O Medo" e "MortalMente: Ensaio Sobre A Morte", livros da escritora Lenise M. Resende, estão sendo vendidos pela Caligo Editora em: https://caligo.lojaintegrada.com.br/
                                                                                                                    
Ensaio é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões éticas e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, literário, religioso, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. O ensaio assume a forma livre e assistemática sem um estilo definido. (Fonte: Wikipédia)

Blog Distimia Livro

(Menosprezo)


Menosprezo
- © Lenise M. Resende -

Nesse último mês, tenho usado o tempo que permaneço na internet mais para observar do que para agir. E algumas coisas tem chamado minha atenção. Uma delas são as fotos de imensas livrarias ou bibliotecas dos mais diversos países, outra são as imagens de casas que possuem um canto de leitura, com uma estante abarrotada de livros amontoados, e pelo menos uma velha poltrona ao lado.

O engraçado é que esses dois tipos de fotos,  que costumam ser publicadas por editoras, atraem comentários de pessoas que afirmam que gostariam de morar num local assim. Tenho apreço por livros, mas, por mais que alguns desses lugares pareçam limpos e sejam bonitos, o máximo que eu conseguiria fazer seria visitá-los. Os lugares com livros amontoados de qualquer maneira, e a velha poltrona ao lado, me incomodam, porque parecem descuidados e precisando de uma boa faxina.

Está difícil vender livros. Estamos na época do "amo livros, mas não posso comprá-los", e "gosto de ler, mas estou sem tempo". E, nas revistas de decoração, essa tendência aparece estampada nas salas de estar, com imensas estantes dominadas por espaços vazios. "Se menos é mais...", eu teria economizado madeira fazendo uma estante menor.

Não consigo ver as dificuldades como prenúncio de que dias melhores virão. No caso dos livros, se dias melhores chegarem, certamente será num futuro tão distante, que não estarei aqui para testemunhar.

Cansei de escrever, cansei de tentar publicar, divulgar ou vender livros. Minha paciência está por um fio. Minhas páginas dedicadas a livros também estão por um fio, o mesmo fio que me prende a vida real, e que ainda não me deixou optar por escrever somente obras de ficção.

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Nota - Crônica filosófica (reflexão a partir de um fato ou evento)
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(Livro-Venda 1)



Presentei-se com o livro "De Bem Com O Mal Do Humor", de Lenise M. Resende. Ele está sendo vendido pela Caligo Editora em:

Sinopse: Romance psicológico sobre o Transtorno Depressivo Persistente (Distimia), um tipo de depressão que, embora seja menos intensa, é crônica. Temas como família, casamento, depressão, ideação suicida, psicoterapia e internação são descritos com leveza e sem julgamentos, de forma a ajudar os distímicos, seus familiares, amigos, e também os profissionais de saúde a entender e a refletir sobre as dificuldades que os portadores da doença enfrentam no dia a dia.  
 
Compre e indique aos amigos!

(Distimia-Blog)


Blog dedicado ao livro "De Bem Com O Mal Do Humor", de Lenise M. Resende, romance sobre a distimia, lançado pela Caligo Editora.

O blog contém poemas e textos de autoria de Lenise M. Resende, como comentários sobre o conteúdo do livro, noticias, crônicas sobre acontecimentos do dia a dia que são comuns aos portadores de transtornos emocionais, e reflexões sobre aspectos particulares dessas doenças, em especial a depressão e a distimia.

Conheça, acompanhe e indique aos amigos!

(Sabe?)


Sabe?
- © Lenise M. Resende -

Sabe quando você está pensando na maravilha que seria ter alguém que cuidasse de você? Que lhe abraçasse com carinho, que lhe escutasse com atenção, e que lhe falasse de amor? 

De repente, você escuta passos no corredor. Seu filho acordou... e você vai preparar o seu café. Antes, porém, você o abraça com carinho, escutando com atenção o que ele diz, e lhe fala de amor.

Lindo não é? Mas, nas horas de folga, você continua pensando... e, algumas vezes, chorando.

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Nota 1 - Prosa Poética ou Crônica lírica (em que o autor relata com nostalgia e sentimentalismo)
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Nota 2 - Para enriquecer estas linhas, coloco na sequência um texto de Artur da Távola: "... A crônica pode abarcar a poesia e prosa, ser a prosa poética, como também ser tão somente o registro sensível e solipsista (solitário) de um determinado acontecimento interior. Aí, ela tem características literárias, transformando-se, neste caso, em gênero literário. A crônica funciona como prosa poetizada de maneira muito eficaz, porque permite uma rápida apreensão de um determinado fato e o transporta desta emoção para o público de forma econômica, simples, direta e imediata ..." 
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(Saindo do divã)

 
Saindo do divã
- © Lenise M. Resende -
 
Existem tantas expressões iniciadas com o verbo sair que, antes de mencionar algumas delas, precisei buscar ajuda nos dicionários (Aulete e Michaelis) para organizá-las melhor

. Sair às avessas é a expressão usada para descrever uma situação em que alguém se frustrou ou fracassou.

. Sair de si é a expressão usada para descrever uma pessoa que se irritou, e perdeu o autocontrole diante de uma situação desagradável.

. Sair de fininho, ou sair à francesa, é a expressão que descreve a maneira discreta usada por alguém que tentou sair de um local sem ser notado, ou sem se despedir. Expressa também a forma usada por alguém que discretamente evitou se envolver em algum conflito ou situação difícil.

. Sair da concha é a expressão usada para descrever uma pessoa que colocou de lado a sua habitual modéstia e acanhamento.

. Sair do armário é a expressão que descreve o anúncio público feito por alguém que decidiu revelar, à família e aos amigos, a sua orientação sexual.

. Sair do fundo do poço é a expressão usada para descrever a recuperação de alguém que esteve muito desanimado, abatido ou deprimido. Chegar ao fundo do poço, em sentido figurado, é o mesmo que chegar ao ponto mais difícil de uma situação.

. Sair do divã é a expressão que descreve o anúncio público feito por alguém que decidiu contar, à família e aos amigos, que tem um transtorno psiquiátrico. É tornar público um assunto que era falado apenas no divã, isto é, na sessão de psicanálise ou no consultório do psiquiatra.

Quando menos se espera, alguém sai com uma declaração inesperada, imprevisível, e nos surpreende. Em geral são artistas famosos que tomam essa atitude de sair do armário ou do divã.
 
No seu livro intitulado O Demônio do Meio-dia: Uma Anatomia da Depressão, o escritor Andrew Solomon escreveu: "Num livro que tem como um dos principais objetivos remover o estigma da doença mental, é importante não reforçar esse estigma escondendo a identidade de pessoas deprimidas. No entanto, incluí as histórias de sete pessoas que desejaram ser mencionadas por pseudônimos, e que me convenceram de que tinham um motivo importante para tal."

Foi muito sensata essa atitude do Andrew Solomon. Assim como muitas pessoas já se identificam como deprimidas ou distímicas, existe um número ainda maior de pessoas que evitam revelar que sofrem de algum transtorno mental.

No Facebook, por exemplo, existem muitos grupos fechados onde se oferece apoio, informações e oportunidade para desabafar aos portadores de transtornos psiquiátricos. Mesmo assim, só uma pequena parcela de membros se manifesta, seja por medo de que algum conhecido esteja no grupo ou qualquer outro tipo de receio. Mas para aqueles que não estão conseguindo verbalizar seus sentimentos faz bem ler o que os outros escrevem.

Graças as campanhas efetuadas pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a existência de preconceito contra os portadores de transtornos e deficiências mentais já começa a ser discutida nas redes sociais. E, mesmo que esse debate demore mais um pouco para chegar às famílias, esse dia há de chegar.

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Nota - Crônica filosófica (reflexão a partir de um fato ou evento)
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Fonte: Distimia - De Bem Com O Mal Do Humor

(Observar sem julgar)


Observar sem emitir julgamento
- © Lenise M. Resende -

Tenho ouvido e lido a opinião de diversas pessoas, sobre a prática do não julgamento dos outros e de si mesmo. Recentemente, soube que dois princípios do Reiki, método de cura que se utiliza do toque das mãos, são: Somente por este momento, não te julgues. Somente por este momento, não julgues o outro.

Minha preocupação com esse assunto, também é recente. Antes, por não gostar de ouvir ou fazer fofoca, tinha a impressão de não estar julgando as outras pessoas. Quando alguém contava uma fofoca, fazia ouvido de mercador, e não prestava atenção ao que estava sendo dito. Hoje, interrompo a pessoa logo que ela começa a falar, e peço que não continue. Percebi que, mesmo que não estivesse prestando atenção, seria um ouvinte passivo - algo tão prejudicial quanto ser um fumante passivo.

A atitude de não querer escutar, ou não expor verbalmente o que pensamos sobre outra pessoa, não significa não ter uma opinião formada. Formar conceito, juízo, opinião sobre alguém ou alguma coisa não torna obrigatório lavrar, emitir ou pronunciar uma sentença sobre ela.

A prática do "não julgamento" significa, na verdade, acostumar-se a não emitir julgamento. Assim como "observar sem julgar" significa, na verdade, observar e guardar sua opinião para uso próprio. Observar é olhar com atenção. Para observar uma pessoa é preciso estar atento, interessado, e ouvir de fato o que ela diz, ou ler o que ela escreve. Observar que certa pessoa costuma repetir um comportamento, pode determinar a maneira como vamos nos relacionar com ela. Desatenção não é apenas deixar de prestar atenção em algo ou alguém, mas uma indelicadeza e uma falta de cuidado com nosso bem estar.

Existe uma grande diferença entre o pensar e o falar. Em geral, quando emitimos uma opinião usamos palavras que funcionam como rótulos: fulano é teimoso, é preguiçoso, é isto, é aquilo. O tempo passa, o fulano se esforça para melhorar da teimosia ou da preguiça, mas aquele "é" colocado antes do adjetivo nos impede de perceber a mudança. Erro nosso, pois ele só estava numa fase de teimosia ou de preguiça.

Recebi, há alguns anos, um e-mail com uma sugestão de como não responder provocações. Como serve perfeitamente para quem deseja resistir a vontade de emitir julgamento, vou reproduzi-la aqui: "Pegue um copo de água, beba um pouco e conserve o resto na boca. Não a ponha fora, nem a engula. Enquanto reflete sobre o que vai falar, deixe a água banhando a língua."

Uma das expressões mais repetidas atualmente é: "Deus nos deu somente uma boca e duas orelhas, isto é, dois órgãos para ouvir e somente um para falar". Mas, pensando bem, Deus nos deu dois olhos, duas orelhas e somente uma boca, isto é, dois órgãos para olhar, dois para ouvir e somente um para falar. Por essa razão, deveríamos observar mais e divulgar menos nossa opinião sobre outras pessoas!

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Nota - Crônica filosófica (reflexão a partir de um fato ou evento)
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(Atitude sem pressa)


Atitude sem pressa
- © Lenise M. Resende -
 
Existem alguns assuntos sobre os quais tenho opinião, mas guardo pra mim. Existem pessoas que se comportam de modo que discordo, mas não critico. Não costumo, também, fazer comentários sobre a pressa ou pessoas apressadas.

Após receber um texto enviado por um amigo, no entanto, comecei a pensar em escrever sobre o assunto. Na verdade, o texto que recebi é tão interessante, que merecia ser divulgado na íntegra. Mas, por que me apressar, divulgando um texto do qual ainda não conheço o autor?

O texto faz comentários sobre o Slow Europe, movimento que baseia-se no "questionamento da pressa e da loucura gerada pela globalização, pelo apelo à quantidade do ter em contraposição à qualidade de vida ou à qualidade do ser". Esse movimento foi inspirado no Slow Food (comer e beber devagar, saboreando os alimentos, curtindo seu preparo, no convívio com a família e amigos).

Um dos melhores trechos do texto diz: "essa 'atitude sem pressa' não significa fazer menos, nem menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais qualidade e produtividade com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos stress. Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do local - presente e concreto - em contraposição ao global - indefinido e anônimo."

A internet nos sugere rapidez, e seus serviços usam nomes como Velox e Speed (velocidade). Mas seria a internet sempre rápida? Ela pode ser rápida, se todos os serviços que o usuário utiliza forem rápidos.
 
Hoje, recebi um pedido do Spam Uol, para confirmar mensagens que enviei há três dias. E se fosse urgente? Só não podemos negar que os vírus, os boatos e as más notícias, são velozes. A solidariedade, o carinho e a amizade, também, se o usuário usar boas sementes e cuidar do que anda plantando, sem esquecer de um bom antivírus.
 
Tantas coisas acontecem em tão pouco tempo na internet que, muitas vezes, perco a noção do tempo. Preciso pensar muito, para lembrar que uso esse meio de comunicação somente há dez anos. Parece que mais tempo se passou. Velozmente, pessoas surgiram e desapareceram, amizades começaram e terminaram, sites foram criados e fechados, informações foram achadas e perdidas, e mensagens guardadas foram deletadas.
 
Se, hoje, eu indagar por X, aquela escritora que foi muito divulgada em 2001, alguém lembraria dela? Não sei. Só posso dizer que eu não a esqueço. Quando a conheci, no ano 2000, estava começando a divulgar meus trabalhos. Com o tempo, percebi uma "coincidência" - quando eu era publicada num site, logo após a minha divulgação, ela também era publicada naquele espaço. A maior diferença entre nós é que, quando cediam espaço para dez poemas, eu enviava só oito. E deixava espaço para um futuro envio. Ela enviava os dez de uma vez só.
 
Mas, com o passar do tempo, meu ritmo de publicação deve ter ficado lento para a pressa dela, e ela descolou de mim. Enquanto eu escrevia dez textos diferentes, ela publicava um mesmo texto em dez lugares. Alguns meses depois, no auge do sucesso virtual, ela enviou uma mensagem aos amigos, pedindo que parassem de lhe escrever por algum tempo. Citou os motivos, que não vou reproduzir, e sumiu da internet.
 
Na mesma época, uma amiga criou um site e um grupo de discussão literária. A base desse trabalho era a divulgação de novos escritores, feita através de frequentes atualizações. Em pouco tempo, ela estava estressadíssima, passando a maior do dia no computador. Sabendo que eu era owner (proprietária) de um grupo no Yahoo, ela indagou-me a respeito. Respondi que criei o meu site e o grupo, baseados na minha realidade. Algumas vezes, posso ficar muitas horas seguidas no computador. Mas, fazer isso diariamente, não é possível. Além disso, preciso ter tempo para criar o meu próprio trabalho.
 
Por que prometer o impossível, então? Por que a pressa em divulgar e atualizar? Será que as pessoas que recebem atualizações frequentes tem tempo de acompanhá-las? Eu não tenho, por isso, prefiro deixar uma atualização em destaque por muito tempo.
 
Sou rápida ao pensar, mas felizmente aprendi a refrear o impulso de agir rápido. E já me poupei muitos aborrecimentos. A rapidez que a internet sugere me deixa cautelosa. E a cautela me deixa lenta... ou melhor, sem pressa.

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Nota - Crônica filosófica (reflexão a partir de um fato ou evento)
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