(Salgueiro)

 
Academia do samba
- © Lenise M. Resende -
 
Cresci na Tijuca, Rio de Janeiro, escutando com frequência o lema do Salgueiro, a maior escola de samba do bairro: "Nem melhor, nem pior, apenas uma escola diferente".

Essa frase sempre me lembrou uma outra que, recentemente, fiquei sabendo ser a filosofia do sumô (esporte praticado no Japão): "Ganhar ou perder é secundário, o importante é competir". Assim, por mais que doa ver o Salgueiro perder campeonatos, não me revolto, quando isso ocorre. Ou melhor, não me revoltava, porque atualmente... É melhor nem falar mais nisso!

Quando o Salgueiro é campeão, o coração dispara de tanta alegria. O dia das apurações dos Desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial, pra mim, é feriado. Não consigo fazer nada até saber o resultado. E, as crianças daqui de casa, sempre ficam por perto porque, quando o Salgueiro ganha o campeonato, encomendo pizza e refrigerante para comemorar. Eu não torço assim, nem pelo meu time favorito, o Flamengo.

Considero o Salgueiro (Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro), sinônimo de garra e criatividade. Por lá, passaram os melhores e mais criativos carnavalescos do Rio de Janeiro. Seus enredos, fantasias e adereços costumam surpreender positivamente. Os sambas, são inesquecíveis. Suas cores (vermelho e branco), são as mesmas do maior clube do bairro, o Tijuca Tênis Clube. Meu coração tijucano é vermelho e branco.

Escutar o grito: - Arrepia Salgueiro! - realmente arrepia qualquer salgueirense. Mas, gosto mesmo, é de escutar o som dos cavaquinhos puxando a introdução: "Salgueiro, minha paixão, minha raiz, Academia do Samba que me faz feliz". Depois, vem a paradinha (silêncio) e o grito: - Arrepia Salgueiro! - preparando os componentes da escola para começar a dançar e cantar. É emocionante!

Aprecio a evolução dos componentes da Academia do Samba, entretanto, nunca desejei participar dos desfiles. Aprecio igualmente o trabalho de muitos integrantes da Academia Brasileira de Letras, mesmo sem pretender vir a ser uma acadêmica. Já ficaria muito satisfeita se, algum dia, fosse lembrada como "nem melhor, nem pior, apenas uma escritora diferente".


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Nota - Crônica jornalística (apresenta aspectos particulares de notícias ou fatos cotidianos)
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4 comentários:

Luciene Lima disse...

Bom artigo, boa forma de explanar o sentimento e a agitaçao que circundam o afeto pelo objeto admirado. Luciene Lima

20 fevereiro de 2004

Lee disse...

Gosto da sua escrita - cronicas baseadas numa reflexão sobre situações variadas, presumo. No entanto, essa não me agradou muito. Gostei até da relação que a escritora/samba. Tendo a gostar de repetições (o que muita gente odeia). Elas me dão uma sensação de enfase, de vontade de aquilo seja entendido pq é importante, mas o "sem, no entanto" ficou deslocado. No mais, parabens por ser uma otima escritora. Lee

Rubem disse...

Gosto muito do seu estilo de escrever crônicas. Há sempre elementos com que nos identificamos facilmente, há um olho arguto para os detalhes do cotidiano e há certa doçura tbm. Dito isto, como sempre, gostei da sua crônica e tbm dos paralelos que você criou ao comparar a escola de samba à escritora. Abração! Rubem

Gustavo Araujo disse...

Não sou muito de samba, carnaval, essas coisas. Mas mesmo assim gostei da crônica. Bem escrita, envolvente. Quase tive vontade de ir para o Rio no Carnaval. Gustavo

Segunda-feira, Fevereiro 07, 2011